quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

fandefum (1/2)


Lamentos de um torcedor - parte 1 de 2


fandefum = Fã de F1 = Fanático por Fórmula Um.

Muitos brasileiros pensam que isto, de se um fã de F1, só era possível na Era Ayrton Senna. Todos acordavam cedo para ver os treinos e as corridas no domingo, quando não passavam a noite acordados para ver as provas de madrugada. As ruas e feiras pareciam desertas durante as transmissões de TV. Depois de sua morte, tudo perdeu o sentido, ficou sem graça, dizem esses mesmos "torcedores".

Mas estes não eram amantes do automobilismo... Eram apenas milhões de brasileiros que vibravam com seu adorável representante brilhando. Quando a estrela se apagou, tragicamente, desfez-se a ilusão. E com ela e com eles, também toda a cobertura e ênfase que a imprensa brasileira dava ao evento e suas etapas e personagens.

Na verdade, quem gosta de Fórmula Um, gosta sempre, não abandonou o hábito. Triste, certamente, contudo continuou acompanhando, mesmo havendo corridas monótonas e campeonatos sem concorrências.


( desenhado por AndreM, na década de 80 )

Porém, aquela foi uma época legal. Não só pela emoção. Mas sobretudo pela informação. Lembro dos vários infográficos no caderno de esporte dos jornais, inclusive mostrando posição de cada piloto volta a volta, resumo e todos os detalhes dos treinos e GP, entrevistas diversas, bastidores, repercussão na imprensa internacional, enfim, um banquete servido aos torcedores.

Agora, mal se vê uma pequena nota sobre o assunto, e somente alguns dias antes e depois nas semanas que ocorrem os GPs...

Entretanto, mesmo antes, em pleno auge da popularidade da Fórmula 1, a cobertura da imprensa brasileira é pobre (exceção feita quando a corrida é no Brasil - daí, chega até a irritar o bombardeio de flashes, entrevistas, reportagens e curiosidades com que a Globo - detentora da exclusividade de transmissão - nos inunda).


Como consultor de informática, viajei a diversos países a trabalho, e sempre torcia para que no período que eu estivesse fora não houvesse corridas, pois certamente eu perderia, por estar em trânsito, viajando, ou por me atrapalhar com o fuso horário entre os locais do GP e o meu na data, e ter também dificuldade em achar esta informação nos canais das TVs ou nos jornais, até para saber dos resultados.

Posso dizer que tive a sorte de ver umas poucas corridas na TV dos Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha. E fiquei atônito ao notar algumas coisas, comparando com a transmissão a que eu estava acostumado. A saber:

1) Cobertura e transmissão muito mais longa e extensas.

Algumas emissoras esportivas mostram os preparativos bem antes da largada e seguem com comentaristas analisando detalhes da corrida e desfecho ainda por horas depois da bandeirada.

A Globo corre pra fechar a transmissão logo após a celebração no pódio. A impressão que fica é que querem cortar logo o canal de satélite para economizarem alguns milhões de euro-dólares.

2) Muitos comerciais e propaganda.

A transmissão da Globo tem alguns patrocinadores que são citados a cada chamada de qualquer notícia sobre a F1.

Então, funciona assim: anuncia a transmissão e cita os patrocinadores, inicia a transmissão do local e vem os comerciais, mostra a os pilotos alinhando e o grid e largada e vem mais propaganda dos patrocinadores, volta a transmissão e segue desde a volta de apresentação até a bandeirada dos que pontuam, daí vem mais propagandas, retorna para mostrar o pódio, os hinos e a entrega dos troféus, e encerra a transmissão, não sem antes passar os últimos comerciais dos patrocinadores oficiais. Ao longo da corrida, havia de tempos em tempos uma chamada sonora e breve dos patrocinadores sem a interrupção da imagem.

E eu achava isto ruim...

Até ver as corridas pela TV lá fora... Os comerciais entre cada cinco em dez minutos e duram de 1 a 5 minutos. Em alguns países, a imagem do carro viram um "picture-in-picture" e minimizam a imagem num cantinho enquanto rolar as propagandas em alto e bom som, normalmente.

Na Alemanha, terra do incomparável Schumacher e outros tantos pilotos, eu fiquei chocado: a cada quase 5 minutos eles interrompido a transmissão para inserir um comercial de cerca se 1 minuto ou mais, independentemente do que estivesse ocorrendo na corrida! Lances importantes e momentos decisivos como ultrapassagens, pane, acidentes e paradas nos boxes eram perdidos...

Depois disto, a Globo até pareceu heróica em transmitir entre 1,5h e 2h continuamente.


[ continua ... ]

7 comentários:

Júlio Melo disse...

Grande Mesdre,

Gostei do "fandefum".

Legal seu desenho, mas, parece que o carro teve algum problema no motor ou algo sujo na pista, pois levantou alguma coisa ali atras (e em uma curva isso pode ser perigoso). O guad rail está aparecendo as cercas da revista da Turma da Monica (brincadeira). Não vou nem falar na zebra... rs

Uma pessoa como eu se sente perfeitamente como voce descreveu no 3º parágrafo. Seu relato foi perfeito. Algumas pessoas não entendem isso, a gente gostava do Ayrton, mas a gente gostava da F1 também em primeiro lugar, e a F1 não acabou.
Eu não deixei de gostar de Legião Urbana porque o Renato Russo morreu, ou deixei do torecer pelo Botafogo porque o time perdeu um título ou porque o Garrincha morreu (nem o vi jogar rsrs). Elvis, Beatles e Michael Jackson vendem mais discos do que muita gente viva por aí.

Quanto as transmissões: eu já li que na Inglaterra eles começam a transmitir a corrida 1 hora antes. A Globo é isso que voce descreveu mesmo.

A audiencia do rádio ou tv é medida por minuto (acho que eles chamam de audiencia rotativa) e o fã de F1 assiste a corrida inteira, e antigamente o fã do Ayrton só assistia nas vitórias. É igual futebol, voce anda na rua e vê uma tv ligada com seu time jogando, se ele estiver vencendo voce pára (usei o acento mas sei que ele já não existe), se ele estiver perdendo você continua o seu caminho.

Hoje eu só vejo F1 ouvindo também a Rádio BandNewsFm. Se a corrida é 9hs eles começam a transmissão as 8:20hs. Aí vou para frente da Tv e vejo o final do Globo Rural e durante a corrida ouço a Globo e a rádio. Essa rotina as vezes varia, é claro. Mas sempre acompanho com o rádio e com a tv. Tenho mais informação, além do mais, a sou apaixonado pela Alessandra Alves rsrs, vou até fazer um Twitter por causa dela.

Ps. Acompanho dois blogs sobre F1: o TheFormula1.wordpress e o Porforadosboxes.wordpress e eu não sei de onde eles tiram tantas notícias... rs (o primeiro é um garoto de 14 anos que escreve, eu não acredito)

Já comentei demais, vou esperar chegar a atualização da segunda parte pelo FeedReader. Vou pedalar...

Um abraço.

Andre Martin disse...


Grande JúlioMelo:


Só um fandefum poderia gostar disto! rsrs

Eu apostava que você comentaria o post, seja porque já sabia de seu gosto pela F1 desde os tempos do extinto blog Ponto Final, seja por se declarar botafoquense (isto é uma provocação, pois também sou, embora não dê muita bola pra futebol - mas o sentimento que você descreve em relação ao não deixar de torcer é bem ilustrativo).

Seu comentário, que agradeço, está quase virando parte 3 deste artigo. rsrs

Eu quebrei o texto em duas partes porque senão ficaria extenso demais o texto. Mas você antecipou muito do que vem escrito em seguida.

Seu paralelo com fãs de grupos musicais foi perfeito!

Sobre a Inglaterra, é verdade: uma hora antes e uma hora DEPOIS de feita as entrevistas oficiais, eles acompanham todas as entrevistas dos bastidores até o autódromo ficar praticamente vazio... E com o ex-piloto e campeão Niki Lauda comentando tudo, até o fim.

Além dos sites que você citou (há outros), tem também revistas especializadas nas bancas, SEMANAIS! Onde ESTAS arrumam tanto assunto, com fotos e tudo, toda semana? Ora, é porque TEM assunto... Só não é veiculado aqui, e este é o tom de lamento desta parte do artigo. Existe informação até de onde buscar para reproduzir, mas a divulgação pelos jornais daqui é pobre e lamentável.

Sobre o desenho, não preciso repetir que foi feito desprenteciosamente quando eu era bem jovem (início dos anos 80), sem nenhum modelo, por pura memória e inspiração, à mão livre, para preencher 4 cartões em branco (depois scanneio os outros 3 feitos junto com este - merecem um post rsrs).

Mesmo assim, agradeço a análise atenciosa e detalhista. O que eu esperava mesmo que alguém comentasse, passou batido: os tamanhos desproporcionais dos pneus traseiros. rsrs
Se bem que no final dos anos 70 havia alguns assim... acho.
Guard-rail? Isto nem existe mais! Talvez só ainda em Mônaco - mas nada de Turma da Mônica! kkkk
Aliás, no desenho, aquilo era resquício do autorama que eu tive com 6 anos! Tinha vários guard-rails de plástico branco, para encaixar na pista para os carrinhos não saírem de traseira nas curvas...

Espere até ver a versão colorizada por computador do mesmo desenho, no próximo post. hehehe

Andre Martin disse...


Felicia:


Feliz 2011!
Obrigado pela visita.
Estive lá conhecendo seu blog e já passei a segui-lo.
Obrigado!

:.tossan® disse...

Você desenha bem além de escrever.
Qualquer dia o meu amigo vai me dar uma credencial e vou poder fazer isso, veja...
http://baracal-press.blogspot.com/2011/01/top-race.html#comments

Andre Martin disse...


tossan:


O Baraçal tem um enquadramento magnífico. E fazer isto com carros em movimento e em alta velocidade, competindo, é uma arte!
Obrigado pela indicação do blog.

E tomara que você consiga! Me avise quando postar seus primeiros flagrantes.

Agora, esquece esse negócio de eu desenhar bem... Eram rabiscos para preencher tempo e espaço, antigos e achados, que só agora mostraram seu propósito: ilustrar este post! rsrs

Renan do Couto disse...

Caro André, o amigo Júlio Melo me indicou esses seus dois posts em um que escrevi sobre a Record pensar em fazer uma investida para transmitir a F1 a partir de 2014, ano que encerra o contrato da Globo com a FOM ( http://porforadosboxes.wordpress.com/2011/02/04/record-pode-fazer-investida-para-transmitir-f1/ )

Dois textos excelentes esses seus, fazendo uma ótima análise-crítica das transmissões de F1. Não sou do tempo do Senna, mas já li bastante, e meu pai me diz que a Globo inciava a transmissão um tempo antes e a encerrava após a entrevista.

Esse é o principal ponto que lamento. O Galvão ainda suporto nas transmissões da Globo, que é boa pelo fato de possuir o grande Reginaldo Leme e o bom Luciano Burti, transmite a prova inteira sem interrupções, porém, falta um algo a mais.

Gosto, de em qualquer transmissão, ver os narradores aparecendo na cabine antes e depois, chamando matérias especiais (como vem acontecendo com a ESPN e suas viagens à Europa desde agosto do ano passado). A Globo viaja com time completo para as corridas e nos entrega um produto que poderia muito bem ser feito aqui do Brasil (exceto pelas conversas com os pilotos brasileiros que tanto falam).

A melhor transmissão de F1 que há é a feita pela BBC, sem dúvida alguma. A BBC é a melhor e maior do mundo, e justifica essa grandiosidade por meio de grandes coberturas, e a F1 é exemplo. Começam bem antes e terminam bem depois, com conversas e entrevistas no paddock, ao vivo. Um show!

Grande abraço cara e parabéns pelo texto.

Andre Martin disse...


Renan de Couto:


Muito me honra seu comentário aqui e lá, e fiquei feliz por participar do seu blog, com as referências do amigo Júlio Melo.

Realmente, e sinceramente, não acredito que a Globo (nem a SporTV) mandam mais seus narradores para as cabines no paddock, nos dias de treinos oficiais e corridas quando estes são fora do Brasil, sobretudo nestes tempos de baixa de pilotos brasileiros em alta...

O Rubinho faz um grande trabalho na Willians, mas ainda não é candidato a título. E o Massa perdeu toda a credibilidade por vitórias depois que entregou aquela no ano passado (e que nada adiantou, nem para segurar o emprego dentro da Ferrari).

Talvez agora, com o infeliz e desastroso acidente grave do Roberto Kubica, ocorrido hoje, o jovem Bruno possa brilhar no potente carro agora negro da Renault e ressucitar os tempos de emoção vitoriosa do nome Senna, este ano, em que foi anunciado como terceiro piloto nesta semana que passou. Isto é estar no lugar certo na hora certa... (teria sido "ajuda" do tio lá em cima?)

Quanto aos repórteres de pista e boxes, estes sim, fazem um bom trabalho onsite para suprir a ausência in loco dos que ganham mais que eles (por muito menos).

Sim, enfim, se não fossem pelos bravos e preciosos coadjuvantes, não sei o que salvaria nas transmissões... rsrs

Agradeço mais uma vez a sua atenção.

Tenho outros posts sobre o assunto, caso interesse ver:

Defesas Agressiva
Futebol em Velocidade
Velocidade nas ruas de SP?
Programa de INDY em SP
Primeiro GP de F1 Noturno
Festa em Cingapura

E tem mais um novo, a ser publicado brevemente, sobre a F-Indy em SP, que se aproxima, de novo!

Abraço.

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