sábado, 11 de junho de 2011

Conjugar com ardor o verbo amar


Amor e Dor, além de palavras que rimam, são sentimentos muito pessoais e individuais.

A gente pode ter apenas uma noção e fazer idéia da dor que a outra pessoa está sentindo, a julgar pela nossa própria experiência da dor. Mas a sua intensidade e o sofrimento que a dor lhe causa, isto não é compartilhado. E não pode ser medido de forma isenta e precisa...

Cada um sente e suporta a dor de modo diferente, com graus de tolerância que dependem muito da situação momentânea do indivíduo.

E a dor pode ser física e real, ou emocional e imaginária. E dói do mesmo jeito...

Por isto, os médicos precisam ficar atentos a como os pacientes descrevem sua dor, que precisam dar o máximo de detalhes para tentar transmitir aquilo que estão sentindo. Porque por melhor que seja o ouvinte, este não sente a dor do outro que está à sua frente.

Isto também explica por que os psicopatas, sádicos e torturadores não se sensibilizam com a aflição de suas vítimas: eles não sentem com/por elas.

Assim também se dá com o amor.

Não é possível dizer o quanto você ama. Não importa o quanto exprima, nem de que maneiras, o ser amado nunca entenderá sua dimensão, pois este está vivenciando seu próprio amor, e apenas com base neste terá idéia do que o outro procura demonstrar.

Ou não. Seja porque este não quer ou não consegue demonstrar, seja porque aquele tem seu entendimento distorcido pelo torpor do amor que pensa que sente (ou não).

Portanto, é complicado julgar o amor recebido... Só se pode quantificar o amor dado... E isto não quer dizer valorizar... Nem por um, nem pelo outro lado.

E a dor do amor não correspondido, ou de um amor perdido ou terminado, dói sempre! E para quase todo mundo, demora para ser absorvido ou atenuado pelo tempo.... Ou substituído por outro(s).

O poeta vive ambos: o amor e a dor do não-amor, e conjuga os dois, com rimas. Arte, música, poemas e versos que tocam o universo de muitas pessoas, porque estas "sentem" muito parecido dentro de suas limitações.

E quando se diz do amor, há que se distinguir a confusão que se faz, todos nós, entre os vários tipos de "amor".

Enquanto nas línguas latinas e anglo-germânicas usa-se sempre a mesma palavra, em grego se diferencia claramente que tipo de amor se fala ao escolher a palavra que o materializa:

Eros - é o amor erótico, carnal, sexual, físico, entre homem e mulher, o amor romântico, dos apaixonados.

Filia - é o amor fraterno, amizade, apreço, respeito, entre país e filhos, entre irmãos e pessoas, empatia, coleguismo, dos companheiros.

Ágape - é o amor sublime, superior, divino, etéreo, acima das necessidades humanas, entre seres humanos e deuses, e vice-versa, é a devoção sem recompensa, a entrega sem restrição.

Aqui, talvez por conveniência, inocência ou malícia, mesclamos o sentido e a intenção ao nos referirmos ao que sentimos e a sua intensidade.

Ora falamos de um, e é entendido outro; ora nos é dito sobre aquele, e pensamos noutro...

Não bastasse a individualidade do próprio sentimento, ainda há ruídos na comunicação e interferência da interpretação.

Cônjuge é a contra-parte de uma união, num relacionamento a dois. Quem se ama, a quem se devota, com quem partilhamos uma vivência, uma existência e caminhos. Ao mesmo tempo: Eros, Filia e Ágape. Mas isto na opinião e na medida de cada um.

Cônjuges conjugam por algum tempo o verbo amar, em sintonia. Mas não deixam de julgar, sempre: em francês, julgar é juger... A gente julga = on juge = (c)ônjuge.

Relacionar-se poderia ser descomplicado, mas não é. Exige sacrifícios.

Amar deveria ser fácil, mas não é. Implica em dor: antes e depois.



"Ame sempre com ardor, esconjure a dor, não julgue, conjugue a palavra amor em todos os seus significados, com todos os seus sentidos!"
Mesdre


Especialmente neste Dia dos Namorados,
Quem estiver desacompanhado ou sentir-se só, enamore-se da vida, pois esta te acompanhará até a morte (e boa sorte!);
Quem tiver com quem compartilhar o calor do corpo e/ou da palavra, aproveite muito, bastante, porque este ensejo de amor é o lampejo de vida, desejo que faz esquecer o latejo da dor.




Bônus:

Mora na filosofia: pra que rimar amor e dor?

Adorando filosofar entre dores, favores e amores

Filosofia x Sexo

8 comentários:

Vivian disse...

...O amor não significa
o que normalmente se
entende pela palavra.

O amor usual é apenas
um disfarce; algo mais
está oculto por trás
dele.

O amor real é um fenômeno totalmente diferente.

O amor usual é uma exigência,
o real é um compartilhar.

Ele conhece a alegria do
dar e nada conhece
do exigir.

O amor usual finge demais.

O amor real é, nunca finge;
ele simplesmente é.

O amor usual se torna
enjoativo, açucarado,
chato, o que se chama
de amor piegas.

Ele é enjoativo,
nauseante.

O amor real alimenta; ele fortalece a sua alma.

O amor usual alimenta
somente o seu ego — não
o você real, mas
o irreal.

Lembre-se: o irreal sempre alimenta o irreal, e o
real alimenta o real.

Torne-se um servo do amor
real, e isso significa
tornar-se um servo do
amor em sua pureza
suprema.

Dê, compartilhe tudo o que
você tiver, compartilhe
e tenha prazer com esse
compartilhar.

Não ame como se fosse uma obrigação, pois assim
toda a alegria vai
embora.

E nunca sinta que você
está obrigando o outro
a dar algo em troca,
nem mesmo por um
único instante.

O amor nunca pede
nada em troca.

Pelo contrário, quando
alguém recebe seu amor,
você se sente grato.

O amor fica agradecido
por ter sido recebido.

O amor nunca espera
recompensa nem
agradecimento.

Se o agradecimento é
feito, o amor sempre
é pego de surpresa.

Essa é uma agradável
surpresa, pois não
havia expectativa.

Palavras de Osho

Andre Martin disse...


Vivian:


Ok. Empatou: estas são palavras de Osho (= OxO = zero a zero). rsrs
E quais seriam as palavras da Vivi inFoco?

Mara Porto disse...

OLá, André primeiro quero agradecer a visita no meu blog, fico feliz por vc gostar do que escrevo(tudo tão simples e que as palavras saem do coração)vindo de vc que escreve tão bem, obrigada, adorei seu texto e sobre a coincidência, achei bom saber que tem pessoas que pensam como eu ou sintam, grande abraço.

Andre Martin disse...


Mara Porto:


Imagino que você deve estar falando do post "Coincidência ou não" (http://mesdre.blogspot.com/2010/08/coincidencia-ou-nao.html)

Sim, concordo, é sempre bom encontrar sintonias neste universo, e o mundo blogueiro é bem propício para isto, não é?

Obrigado pela visita.

Mara Porto disse...

OI falei do meu post que vc comentou que havia coincidencia, neste http://maraportodois.blogspot.com/2011/06/taylor-swift-love-story.html#comments.
É sim, chama inspiração coletiva, srrs.

Ju ♥ disse...

quando se ama com intensidade sempre dói...

Andre Martin disse...


Ju:

Primeiro, nesse caso a medida da intensidade é uma unidade muito pessoal.

Se doer não é o objetivo, o amar não deveria ser intenso...
Como a expectativa e a impressão, então é melhor que não se ame tão intensamente?

Ju ♥ disse...

o problema é q não tem como maneirar no amor...
de qualquer forma, depende da relação com o ser amado, pensei mais no amor de família quando comentei.

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