Como eu fui lá justamente para comprar água, peguei logo duas garrafas geladas desta marca, porque - pensei - se estava sendo oferecida em destaque pelo supermercado deve estar em promoção, melhor opção de preço ou desova de estoque.
Mas achei que deveria levar água também ao natural, pois tem gente que não gosta de beber água fria, nem para se refrescar quando o clima está quente.
Ao passar pelas prateleiras das garrafas de água, fiz a troca de uma delas, e vi que havia outras marcas também.
Daí lembrei que acho detestável esse plástico mole que a Coca-Cola adotou ao introduzir no mercado sua água Cristal. Enquanto cheinha, tampada, parece bem sólida. Mas é só abrir a garrafa que o plástico se revela molenga e a garrafa se deforma ao tentar servir, bem chato mesmo! Ouvi dizer que isto é para justamente poder amassar mais facilmente a garrafa vazia, para jogar fora ou reciclar, que é mais ecológico... Mas eu não gosto!
Então, resolvi trocar uma das garrafas Cristal por outra marca, que estava ao lado.
Fiquei meio assim desconfiado, achando que ia pagar mais caro, porque Nestlé não é conhecida tradicional produtora de garrafas d'água...
Foi então que voltei para comparar o preço de ambas, e qual não foi a surpresa??
A Cristal, a promovida pelo supermercado, em uma torre no meio do caminho para todo mundo esbarrar, era a MAIS CARA!!
A Minalba, marca conhecidíssima e tradicional no mercado de águas engarrafadas, era ainda mais barata!!!
A princípio pensei que podia ser uma variação de preço pela quantidade do volume de água ofertado.
Mas não: todas das garrafas eram de 1,5 litros!
R$ 2,59 = Cristal
R$ 1,79 = Nestlé
R$ 1,65 = Minalba
Isto é impressionante!
Primeiro, porque o consumidor é induzido ao erro, seduzido na sua inocência, e na prática que leva a crer que as ofertas são sempre boas opções.
Segundo, porque a desproporção é enorme. Apesar do baixo valor, entre 1 e 3 reais cada unidade, não podemos nos iludir.
O produto mais caro custa 57% a mais que a menor referência! Mais que a metade!
A segunda mais barata é ainda 8,5% mais cara que a de melhor preço.
Se passarmos a considerar volumes maiores, se falarmos de 10 a 20 litros em vez de 1,5, a discrepância salta aos olhos.
Em termos práticos a matemática nos conta o seguinte:
pelo preço que você vai pagar por 18 litros da Cristal, poderia comprar 28 litros da Minalba (10 litros a mais);
pelo preço que você levaria 36 garrafas de 1,5 litros da Cristal, poderia levar 20 garrafas a mais da Minalba!
Sinceramente, não sei de quem é a culpa disto:
se da rede inteira do Grupo Pão-de-Açúcar,
se do gerente daquele supermercado especificamente,
se da Coca-Cola que impõe esta política de marketing,ou
se de nós consumidores que aceitamos isto cega e passivamente, sem nos dar conta!
E, o que mais me assusta e preocupa, é que ainda nem estamos vivendo uma crise de falta de água, que não demora ocorrerá.