domingo, 21 de fevereiro de 2010

Encontros desencontrados (3/4)


Parte 3 - Outros casos exemplares

(Continuação de uma análise feita a partir de um questionamento sobre motivos de uma tentativa de relacionamento não seguir adiante. Para melhor entender o contexto é preciso ler as partes anteriores.)


2) Alguns "causos"

A história da colega com seu amigo de 53 anos me fez lembrar de outras três.

a) Um colega de trabalho, também na casa dos 50 na época, estava no seu terceiro casamento. Ele trabalhava duramente para pagar a pensão da outras duas "ex"s e três filhas até completarem 25 anos. Ou seja, sustentava 3 mulheres e 4 filhos (pai orgulhoso do garotão do recente casamento), era comprometido no trabalho, um dos primeiros a chegar e dos últimos a sair, profissional exemplar e serviço de qualidade. Às vezes se dava mal porque não sabia dizer "não", nem pras filhas exigentes, nem pros chefes ou colegas. Não podia se dar ao luxo de perder o emprego, senão iria preso por não pagar pensão. Levava uma vida simples pra si, procurando economizar onde pudesse: refeições, roupas, carro. Eu pensava, isto não é vida, é escravidão... Por que casou três vezes? A primeira já não havia sido custosa o bastante e não servira de lição?

Ele mesmo ria da situação e dizia "que não aprendia nunca e sempre repetia os mesmos erros, ou que tinha uma queda pelo mesmo tipo de mulher, que mais tarde lhe causaria os mesmos problemas... por isto merecia mesmo a situação atual, mesmo que ela se separasse mais tarde depois de algum tempo, ainda que não fosse a intenção dele".

Creio que muitos de nós somos assim: sempre perseguem os mesmos sonhos e, em contrapartida, são perseguidos pelos mesmos fantasmas.

b) Um outro colega recém contratado na época, bem jovem, era casado em outra cidade e tinha um querido garotinho também. Aceitou a proposta mesmo tendo que se mudar para São Paulo sozinho. Na entrevista justificou a decisão que o casamento não ia bem e que afastar lhe seria conveniente. Voltaria vez ou outra para rever e brincar com o filho, sempre que pudesse, por conta própria. Um ano depois nessa vida de trabalho e viagens, sentindo seu jeito sempre introspectivo e reservado (sobre sua vida pessoal), perguntei-lhe se já estava de namorada nova ou se saía para baladas quando permanecia fins de semana em SP.

Para minha surpresa ele foi simples e direto: "mulher só traz problemas... melhor ficar com um problema conhecido do que arrumar outros novos!".

Uma reveladora (porém rara) verdade masculina. Uma outra forma muito sensata de encarar e enfrentar o mesmo problema (dar-lhe razão ou não, dependerá das opiniões particulares de cada um).

c) Uma canção de Fagner diz que um homem também chora (= guerreiros têm sentimentos, são meninos que desejam colo e carinho). Mas enfatiza que sem o seu trabalho um homem não tem honra, e sem a sua honra se morre, se mata, e não dá pra ser feliz.

Sempre observei que quando um homem está infeliz, preocupado, angustiado, desolado e triste, só DUAS COISAS o deixam neste estado e situação: dinheiro ou mulher (= sexo).

E apenas para deixar bem claro, o problema é quando há "falta de". Piora se forem os dois juntos, digo, os dois infortúnios ao mesmo tempo.

No caso do amigo da colega (ver a Parte 1), o fato dele estar desempregado e sem namorada, deixa-o num estado muito mais fragilizado do que o normal.

Portanto, eu não esperaria por parte dele nenhuma reação normal, consistente, padrão ou típica num processo de conquista... Talvez um bravo esforço inicial, tentando quebrar a inércia... Mas qualquer obstáculo, objeção ou barreira, por menor que seja, pode lhe parecer uma montanha ou abismo intransponível.

E creio que a reação dela, sem considerar este handicap, foi natural.

Por outro lado, se pensando bem, acho que a reação pode ter sido também um tanto precipitada ao bloqueá-lo por ele ter DEMORADO a entrar em contato... Demorar quer dizer quanto tempo? Será que foi considerada a possibilidade de ele não ter podido ou estar impedido? Por exemplo: viajando, doente, sem internet, preso, acidentado, enfartado, etc? E se ele ficou aguardando (respeitoso ou tímido) por dar outro sinal dela? Enfim, agora bloqueado é que ele não vai mesmo entrar em contato, nem depois; agora bloqueado é que ela não vai ficar sabendo se e quando ele tentar mais tarde de novo.


(Continua na próxima parte...)

3 comentários:

Hélia Barbosa disse...

Estou gostando muito de suas análises...

Toda mulher já fez ou pensou em fazer isso um dia: quero sua opinião como amigo-homem!!

É a eterna tentativa de entender e interpretar os pensamentos e atitudes do sexo oposto...

É nos comunicamos com o outro com aparelhos cheios de ruidos e interferências... são tantos aml-entendidos ou desentendidos que fica complicada qualquer relação...

Nisso admiro os homens... eles têm uma capacidade danada de simplificar: problema por problema, fico com o conhecido! rsrs... Algumas vezes ficamos procurando problemas diferentes só pra variar um pouquinho o estresse!!

^^

Beijos, querido!!

Hélia Barbosa disse...

Ah!!

André...

Adoro seus comentários!!

Adoro,adoro, adoro mesmo!!

Estão entre os meus preferidos, com certeza...

Beijos!!

Ju ♥ disse...

estou me estranhando, mas acho q penso como homem... rs
enfim, voltando no problema da primeira postagem, eu fui extremista como a sua amiga, depois resolvi dar tempo ao tempo e esperar pra ver o q sai desse mato. não tem bloqueio, mas também não tem procura, sinais? já foram alguns, agora é vida q segue.
no mais? cada um com seus problemas.

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